Aqueles rostos pálidos, emaciados, encovados me seguiam, seus olhos tristes e confusos fitando-me da capa brilhante das revistas cujo artigo principal ilustrava. Eu os via por toda a parte na cidade de Nova York, onde estava visitando minha filha. São as refugiadas de um campo de concentração? As vítimas de uma guerra étnica moderna? Não! São todas estudantes de grandes universidades norte-americanas – cultas, bonitas, financeiramente bem de vida, mas bulímicas e anoréxicas, magérrimas, quase mortas de inanição embora vivendo na cultura mais rica e farta do mundo. A anorexia e a bulimia são moléstias que atacam apenas as mulheres, e são causadas por insegurança e confusão quanto à sua identidade e valor como pessoas.
A voz da cultura que promove a magreza como padrão para serem aceitas e valorizadas fala mais alto até do que as necessidades básicas da sobrevivência, levando inúmeras mulheres a se matarem deliberadamente de fome. O que está acontecendo com aquelas jovens? Será que elas constituem um fenômeno isolado, fruto de uma civilização rica e decadente, ou representam algo que está afetando muitas outras mulheres em todo o mundo? Será que nós, mulheres deste final de século, que desfrutamos as conquistas obtidas pelo movimento de libertação feminina, estamos nos realizando plenamente como pessoas ou ainda estamos vivendo escravizadas por conceitos que desconsideram fatos básicos e fundamentais da nossa existência como mulheres? Há muitas vozes dizendo quem somos e como devemos viver.
A revolução feminista lutou contra as imposições culturais machistas que massacravam as mulheres como seres humanos e isso foi certo e bom. Entretanto, essa mesma libertação pretendeu apontar um novo rumo para as mulheres, rumo esse que não levava em consideração sua identidade única como mulheres, colocando os valores masculinos de competição, trabalho e sucesso financeiro como os únicos que podem trazer a realização que por tanto tempo lhes foi negada. Assim, as mulheres invadiram o mercado de trabalho para se realizarem como seres humanos. Mais uma vez, tudo certo e bom. As mulheres são extremamente capazes e se dedicaram com afinco a essas tarefas, deixando já sua marca, embora ainda leve, na civilização.
Entretanto, há muitas mulheres questionando a validade de muitas dessas conquistas e não só o que realmente querem da vida como também onde encontrá-lo. Conversei recentemente com certa mulher, jovem ainda, bonita, inteligente, culta, cujo cargo importante que ocupava em certa firma a sustentava com largueza. Ela afirmou categoricamente que tinha de olhar dentro de si mesma para determinar como viveria para encontrar a felicidade. Em outras palavras, sou absolutamente dona do meu nariz. Tenho de buscar minha própria felicidade primeiro. Ela não era má nem excessivamente egoísta, pois dedicava boa parte do seu tempo a ajudar outras pessoas a encontrar o caminho da felicidade segundo seu próprio conceito. Era apenas insensata, pois deixava de reconhecer uma verdade fundamental com a qual convivemos diariamente – não somos donas da nossa vida. Sei que estou falando com mulheres de fé, que já crêem no que estou dizendo aqui.
Mas, como já disse um escritor cristão muito perspicaz, “não é de novas verdades que precisamos, e, sim, de sermos relembrados vez após vez das verdades antigas”*, e imutáveis, acrescentaria eu. Precisamos examinar as mensagens que recebemos diariamente da nossa cultura e até nas nossas igrejas pelo prumo da Palavra de Deus, que foi escrita para homens e mulheres comuns como nós, e que é a única que nos pode trazer a verdadeira liberdade e nos transformar nas pessoas saudáveis, livres e realizadas que Deus projetou quando nos criou. E o que a Bíblia diz sobre quem somos?Diz que somos criaturas. Esse é um fato tão básico da nossa existência que mal pensamos nele. Entretanto, ele determina tudo que é mais importante a nosso respeito. Para entender do que estou falando, responda às seguintes perguntas: Foi você quem decidiu onde iria nascer, de que sexo seria, quais as suas características físicas, de que raça seria, qual a cor do seu cabelo, dos seus olhos, a altura que teria quando adulta, etc. etc.?
Acho que você já pôde perceber que não foi consultada em nenhuma dessas decisões. Alguém muito maior do que você decidiu tudo isso a seu respeito. E assim, somos levadas forçosamente à conclusão de que é somente esse Alguém que pode dizer o que tinha em mente quando nos fez como somos e por que nos fez assim. Nossa vida se desenrola dentro de uma realidade muito maior do que nós, embora em grande parte invisível. E essa realidade é tão sólida e concreta quanto a realidade do mundo físico. Ignorá-la é sinal de insensatez (ou burrice, em português mais claro!). Por exemplo, você pode resolver que quer sair de uma sala sem passar pela porta por não gostar de portas. Entretanto, dará de cara com uma parede sólida e fria e se machucará se insistir em ignorar a lei que diz que dois objetos sólidos não podem ocupar o mesmo espaço. Foi com base nessa lei que as portas foram inventadas!
Também podemos querer viver nossa vida pessoal da maneira como nos der no nariz, e nos depararmos com uma realidade que não criamos e que é regida por leis igualmente sólidas. O fato de sermos mulheres e de sermos as mulheres que somos também não é fruto do acaso nem da vontade do ser humano. Na ocasião da concepção há a possibilidade de que qualquer um dentre os milhões de espermatozóides do pai fertilizar o ovo da mãe. Cada um deles leva caracteres genéticos diferentes. Meu marido tem olhos azuis e eu, castanhos. Temos quatro filhos. Minha filha mais velha tem olhos castanhos bem escuros, embora seja parecida com o pai. Os outros três têm olhos claros de diversos tons entre o verde e o azul.
O rapaz se parece mais com o tio do que com o pai, e as moças puxaram mais à mãe. E todos saíram do mesmo casal! Variedade é a palavra de ordem! Mas não fomos nós que determinamos nada disso. Fomos apenas os instrumentos de uma sabedoria e um propósito maior do que cada um de nós individualmente e maior do que os dois juntos. Da mesma forma, seu pai forneceu metade de suas características, sua mãe a outra metade. Mas quem determinou quais dentre todas as disponíveis? Alguém, o mesmo Alguém que criou o universo gigantesco e as células microscópicas. É por desígnio dele que você é exatamente como é. O salmista diz: “Tu criaste todas as partes internas do meu corpo; tu uniste todas essas partes para formar o meu corpo, enquanto eu ainda estava no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres criado de maneira tão perfeita e maravilhosa! O teu trabalho é um verdadeiro milagre e na minha alma sei disso muito bem. Tu conhecias perfeitamente cada parte do meu corpo enquanto eu ainda estava sendo formado no ventre de minha mãe, como a semente que cresce debaixo da terra.
Antes mesmo de o meu corpo tomar forma humana tu já havias planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estava registrado no teu livro! Senhor, como são importantes para mim os teus pensamentos sobre a vida!” (Salmo 139:13-15 – A Bíblia Viva). Está percebendo como você é um ser especial, apenas por ser quem é? E tem mais. A narrativa da criação no princípio da Palavra de Deus conta que fomos feitas à imagem e à semelhança do nosso Criador – por sermos como somos, de certa forma refletimos o Senhor do universo. Os seres humanos foram feitos como homens e mulheres. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. . .Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou” (Gênesis 1:26-28). Você, como mulher, reflete o seu Criador! É verdade que é um reflexo incompleto, pois os seres humanos foram criados como homens e mulheres para, juntos, refletirem o Criador e com ele formarem uma trindade harmoniosa e perfeita. Sem você, algo estaria faltando. Não por nada que você faça, mas pelo simples fato de existir como mulher!
Quando focalizamos o propósito do Criador ao nos fazer, muda a nossa perspectiva com relação a quem somos e como fomos feitas para viver. Como você responderia agora à pergunta: “Quem é você?” É diante de Deus, o nosso Criador, que nossas indagações e confusões se aquietam, que nosso espírito encontra refúgio e repouso e a única felicidade concreta e palpável que nenhuma circunstância da vida nos pode tirar. Quem é você, mulher de hoje? Responda agora a essa pergunta para si mesma. Escreva sua resposta e medite sobre ela. Conversaremos mais sobre o propósito de Deus ao criar a mulher em outros artigos desta seção. Se quiser, querida leitora, pode me escrever e dizer o que pensa sobre os assuntos que estamos discutindo aqui, e isso enriquecerá muito a nossa seção.
Wanda de Assumpção Fonte:www.atosdois.com.br
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